quarta-feira, 22 de junho de 2016

LINDOS CASOS DE CHICO XAVIER - HISTORIA DE UM SONETO


Por Ramiro Gama

Em 1931 desencarnara um amigo do Chico, em Pedro Leopoldo.
Cavalheiro digno, católico muito distinto e pai de família exemplar.
O Médium acompanha o enterro.
Na cidade, da igreja ao cemitério, é longo o percurso.
Um padre presente abeira-se do rapaz e pergunta:
— Então, Chico, dizem que você anda recebendo mensagens do outro mundo…
— É verdade, reverendo. Sinto que alguém me ocupa o braço e se serve de mim para escrever…
— Tome cuidado. Lembre-se de que o Espírito das Trevas tem grande poder para o mal.
— Entretanto, padre, os espíritos que se comunicam somente nos ensinam o bem.
O sacerdote retirou um papel em branco da intimidade de um livro que sobraçava e convidou:
— Bem, Chico, estamos no cemitério, acompanhando um amigo morto… Tente alguma coisa.
Vejamos se há aqui algum espírito desejando escrever.
Chico recebe o papel e concentra-se.
Em poucos instantes, sente o braço tomado pela força espiritual e psicografa a poesia aqui transcrita:


ADEUS
O sino plange em terna suavidade,
No ambiente balsâmico da igreja,
Entre as naves, no altar, em tudo adeja
O perfume dos goivos da saudade.
Geme a viuvez, lamenta-se a orfandade;
E a alma que regressou do exílio beija
A luz que resplandece, que viceja,
Na catedral azul da imensidade…
Adeus, Terra das minhas desventuras…
Adeus, amados meus… – diz nas alturas…
A alma liberta, o azul do céu singrando…
Adeus… – choram as rosas desfolhadas,
Adeus… – clamam as vozes desoladas
De quem ficou no exílio soluçando…
Auta de Souza, poetisa
Este soneto foi incorporado ao livro “Parnaso de Além-Túmulo”.

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