quarta-feira, 15 de junho de 2016

A EXISTÊNCIA DA ALMA - DOIS CASOS DE DESDOBRAMENTO

Aparição tangível de um estudante

Diz o reverendo P. H. Newnham, Vicariato de Devonport:

“No mês de março de 1856, estava eu em Oxford, fazendo o último ano do meu curso, e ocupava um
quarto mobilado. Era sujeito a violentas dores de cabeça nevrálgicas, sobretudo enquanto dormia. Uma noite, por volta das nove horas, a dor se tornou insuportável; atirei-me na cama sem me despir e
logo peguei no sono. 

Tive então um sonho de nitidez e intensidade notáveis. Guardo ainda na memória, tão vivos como quando o estava tendo, todos os pormenores desse sonho. Sonhei que me achava em casa da família daquela que mais tarde se tornou minha mulher. Todos os rapazes e raparigas tinham ido deitar-se e eu ficara a conversar, de pé, junto ao fogão; depois, dei boa-noite aos que comigo conversavam, tomei da minha vela e fui também me deitar. Chegando ao vestíbulo, verifiquei que minha noiva ainda estava subindo para o andar superior e que no momento chegava ao topo da escada. Subi quatro a quatro a escada e, alcançando-a no último degrau, passei-lhe o braço pela cintura. Ao subir a escada, levava eu na mão esquerda o meu castiçal, o que, entretanto, no sonho, não me atrapalhava. Despertei então e quase de seguida um relógio da casa deu dez horas. 
Foi tão forte a impressão em mim produzida por esse sonho, que no dia seguinte, pela manhã, escrevi à minha noiva, fazendo dele minuciosa narração. Recebi dela uma carta, porém não em resposta à minha, pois que as duas se cruzaram no caminho. Dizia assim: “Dar-se-á que você haja pensado em mim, de modo particular, ontem à noite, cerca das dez horas? Quando subia a escada para me ir deitar, ouvi distintamente seus passos atrás de mim e senti que você me passava o braço pela cintura.” 
As duas cartas estão atualmente destruídas. Alguns anos, porém, depois dos fatos, recordamo-los, ao reler cartas antigas, antes de as destruirmos. Reconhecemos nessa ocasião que se conservavam muito fiéis as nossas lembranças pessoais. Esta narrativa pode, Portanto, ser aceita como perfeitamente exata. 

P. H. Newnham.”

É evidente, neste caso, a relação de causa e efeito. O sonho do moço estudante é reprodução da realidade. Durante o sono*, a alma se lhe desprendeu do corpo e se transportou para junto de sua noiva. Foi tão intenso o desejo que experimentou de abraçá- la, que determinou a materialização parcial do perispírito, isto é, do seu duplo. O fato é positivo, pois a moça diz ter ouvido distintamente passos que subiam a escada e a sensação de um braço que a envolvia pela cintura é também positivamente afirmada. Estes pormenores, referidos de modo idêntico pelos dois protagonistas da cena, sem que tenha havido qualquer combinação entre eles ou qualquer previsão, afastam, evidentemente, toda ideia de alucinação.

*Durante o sono, a alma repousa como o corpo?
- Não, o Espírito jamais fica inativo. Durante o sono, os liames que o unem ao corpo se afrouxam e o corpo não necessita do Espírito. Então, ele percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos. (Questão 401 de "O Livro dos Espíritos")

Efeitos físicos produzidos por uma aparição 

O Dr. Britten, no seu livro: Man and his relations, cita o caso seguinte: 

“Um Sr. Wilson, residente em Toronto (Canadá), tendo adormecido no seu escritório, sonhou que se achava em Hamilton, cidade situada a 40 milhas inglesas a oeste de Toronto. Fez em sonho suas cobranças habituais e foi bater à porta de uma amiga, a Sra. D... Acudiu uma criada, que o informou de que sua patroa saíra. Apesar disso, ele entrou e bebeu um copo d’água, depois do que saiu, incumbindo a criada de apresentar seus cumprimentos àquela senhora. E o Sr. Wilson despertou após 40 minutos de sono.
Passados uns dias, uma Sra. G..., também residente em Toronto, recebe uma carta da Sra. D..., de Hamilton, contando que o Sr. Wilson fora a sua casa, bebera um copo d’água e partira, não mais voltando, o que a contrariara, porquanto teria gostado imensamente de o ver. O Sr. Wilson afirmou que, havia um mês, não ia a Hamilton; mas, recordando-se do sonho que tivera, pediu à Sra. G... que escrevesse à Sra. D..., rogando-lhe não falasse do incidente aos criados, a fim de verificar se estes, porventura, o reconheceriam. Foi então a Hamilton com alguns camaradas e todos juntos se apresentaram em casa da Sra. D... Duas das criadas reconheceram no Sr. Wilson a pessoa que lá fora, batera à porta, bebera um copo d’água e deixara recomendações para a Sra. D...”

Este caso nos apresenta a alma a realizar uma viagem durante o sono e lembrando-se, ao despertar, dos acontecimentos ocorridos no curso do desprendimento. O duplo se torna tão material, que bate à porta e bebe um copo d’água, é visto e reconhecido por estranhos. Claro que aqui já não se trata de telepatia; mas, sim, de bicorporeidade* completa. A aparição, que anda, conversa, engole água, não pode ser uma imagem mental: é verdadeira materialização da alma de um vivo.

Gabriel Delanne
("A Alma é Imortal", Cap. 4 - O Desdobramento do ser humano)

*Bicorporeidade: Em alguns casos  pode o  espírito  de um vivo dissociar-se de seu corpo material  e mostrar-se com todas as características  que apresenta em vida. É seu corpo espiritual ou perispírito  que se desloca e materializa-se.


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