quinta-feira, 8 de setembro de 2016

CASAMENTO: A ARTE DA VIDA A DOIS


Viver é conviver.
Isso é um fato incontestável. Não sem razão vivemos em sociedade.... Somos seres interdependes. 
Necessitamos uns dos outros para a plenitude do próprio ser. 
Sozinhos, nos enfraquecemos e definhamos.
Por isso toda relação é um convite ao crescimento coletivo e individual. 
E uma das relações mais intensas e estimulantes de amadurecimento está no casamento.
Interessado na reflexão deste assunto, Allan Kardec questiona aos espíritos, na pergunta 695 de O Livro dos Espíritos: O casamento, ou seja, a união permanente de dois seres é contrária à lei da Natureza?
E eles lhe respondem: É um progresso na marcha da Humanidade.
Sim, todo convívio é uma proposta de encontro e aprendizado, desenvolvimento e felicidade, portanto, um avanço, um salto em direção a tudo de melhor que podemos ser. Muito mais uma relação tão próxima e intima como a do casamento.
Diz o Espirito Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier: "Essa união reflete as Leis Divinas que permitem seja dado um esposo para uma esposa, um companheiro para uma companheira, um coração para outro coração ou vice-versa, na criação e desenvolvimento de valores para a vida".
Isso não quer dizer que seja tudo fácil e simples.
Todo relacionamento é desafiador. Quanto mais íntimo se faz, mais dedicação nos exige.
Assim, a vida a dois, o compartilhar a nossa existência com outrem, demanda empenho e atenção.
Pensando nisso, dois psicólogos americanos, John e Julie Gottman, fizeram um estudo com casais para entender o sucesso ou fracasso de um casamento.
Segundo o estudo dos Gottmans, as duas coisas básicas que movem um relacionamento até o fim da vida são generosidade e bondade.

John e Julie criaram o “The Lab Love” (O Laboratório do Amor), levaram 130 casais para seu laboratório do amor, onde passaram o dia realizando tarefas corriqueiras como comer, cozinhar, limpar, enquanto os cientistas sociais os analisavam. Ao fim das análises, os estudiosos classificaram os casais em dois grupos: mestres e desastres. Passaram-se seis anos e os casais foram chamados novamente. Os mestres permaneciam juntos e felizes.

Os casais que pertenciam ao grupo “desastres” ou não estavam mais casados ou permaneciam juntos, porém infelizes. Esse resultado levou os cientistas a conclusão de que a generosidade é fundamental para o relacionamento entre o casal. Atos simples como responder a perguntas rotineiras com agressividade ou com generosidade afeta o futuro e a qualidade do seu relacionamento.
Perguntas como: “Você viu aquele pássaro?” podem ser a deixa para a esposa demonstrar mais interesse pelos gostos do marido, agindo com generosidade e bondade, criando uma conexão entre os dois.
Respostas ríspidas, desinteressadas ou ignorar o apontamento do seu companheiro por indiferença, significam bem mais do que apenas cansaço, ocupação, falta de tempo. Mas sim, podem representar que tudo é mais importante do que as coisas bobas que ele ou ela apreciam.

O estudo apontou que temos duas respostas a escolher quando se trata das questões de nossos companheiros, podemos optar por respostas generosas que nos aproximam como casal ou respostas ríspidas que nos afastam um do outro.
Os “mestres” escolhiam respostas generosas, criavam uma conexão com o companheiro, demonstrando-lhe interesse em suas necessidades emocionais.
Pessoas que agem com bondade e generosidade, como os casais que pertenciam ao grupo de “mestres” preocupam-se em criar um ambiente de apreciação e gratidão pelo o que o companheiro faz, em contrapartida, casais “desastres” constroem um ambiente baseado na insatisfação, sempre apontando para os erros do outro, para o que ele deixou de fazer, esquecendo-se dos pontos positivos.

A pesquisa mostrou que em situações como, o atraso da esposa ao se preparar para um jantar pode ser encarado pelo marido de duas maneiras diferentes: com bondade e generosidade ou com agressividade, concentrando-se apenas no fato de que ela sempre se atrasa, nunca se apronta na hora combinada, desconsiderando que o atraso pode ter sido motivado pelo tempo que ela gastou preparando uma surpresa para ele.
Generosidade e bondade podem salvar seu relacionamento. Não estou dizendo que no dia de aniversário de casamento, uma vez ao ano, você fará aquela surpresa linda, e pronto. O que a pesquisa revelou implica na aplicação diária de doses de generosidade e bondade, seja relevando uma coisa aqui, sendo gentil em outra situação ali, evitando cobranças desnecessárias e sempre, sempre e sempre concentrar-se no que a outra pessoa fez e faz de positivo, não de negativo. Sua esposa foi ao supermercado e comprou só alimentos, esquecendo-se do creme dental? Você escolhe: seja agressivo e reclame do creme que ela esqueceu ou agradeça pela comida que comprou. Sua escolha dirá que tipo de relacionamento você está vivendo.

John e Julie Gottman, após estudarem os casais com eletrodos enquanto conversavam, concluíram que casais do grupo “desastres” ficavam fisicamente afetados ao dialogarem com seus companheiros, fisiologicamente eram como se estivessem em guerra ou enfrentando um leopardo. Os “mestres” apresentavam passividade, relaxamento e tranquilidade ao conversarem.

Que fiquemos com esta reflexão sobre nossos compromissos afetivos, a fim que melhor possamos vive-los, encontrando o prazer que devemos ter neles, ofertando a alegria que nos aguardam os que nos entregaram os corações. Deixo ainda uma inspirada trova mediúnica, pela pena de Chico Xavier, a fim de nos abrir a tela dos sentimentos, para a doçura do afeto, cheio de esperanças:

"Os cônjuges, lado a lado,
Que conservam a alegria,
Vivem sempre de noivado,
Casando-se todo dia."

Jovino Guedes
Ed Sheeran - Photograph

sábado, 3 de setembro de 2016

PROCURA-SE UM POUCO DE AFETO

"Por onde fores, carrega contigo a bênção do entendimento e a luz da compaixão." (Meimei)

Onde quer estejamos no mundo...
Ha um clamor, uma rogativa, que passa despercebida pelos homens.
Assim diz Meimei, através da mediunidade psicográfica de Chico XavierE à frente de cada companheiro ou companheira que te cruzem a estrada, estejam eles cobertos de douradas titulações ou vestidos de andrajos, lembra-te de que cada um deles carrega no coração esta rogativa sem que a vejas: — “Compadeça-te de mim”.
Hoje chora-se, como nunca, pela falta de afeto e consideração.
A ausência de carinho também mata.
Passamos distraídos uns pelos outros sem notarmos a dor, a aflição alheia.
Me recordo de uma frase atribuída a Santo Agostinho: As pessoas viajam para admirar a altura... o movimento circular das estrelas, e no entanto elas passam por si mesmas sem se admirarem.
Talvez exatamente por isso sintamo-nos tão solitários e vazios.
Uma dor, que não sabemos definir, nos toma o peito, uma angustia sem nome nos perturba a mente.
Mas naquele passo de socorro a dor de alguém, nos deparamos com um alivio indefinível.
Conta-nos Madre Teresa de Calcutá: Nunca esquecerei uma experiência que tivemos faz algum tempo em nossa cidade. Fazia meses que não tínhamos açúcar e um meninozinho hindu, de quatro anos, foi a sua casa e disse a seus pais: “Não vou comer açúcar por três dias, vou dar o meu açúcar a Madre Teresa”. 

Era tão pouquinho o que trouxe depois de três dias! Mas seu amor era muito grande. É muito importante ter uma vida de paz, de alegria, de unidade. Para isso não creio que haja uma ciência maior que o amor pelo ser humano. 
Devemos aprender, como esse menino, que não é quanto damos mas sim quanto amor colocamos ao dar. Deus não espera coisas extraordinárias. Depois que recebi o Prêmio Nobel, muita gente fez doações; alimentaram aos nossos, trouxeram roupas, fizeram coisas bonitas. Uma tarde encontrei um mendigo na rua, que, veio até mim e disse: Madre Teresa, todos estão te dando algo, mas hoje, por todo o dia, só consegui duas moedinhas e quero dar-te isso. Não posso contar-lhes a alegria irradiante de seu rosto porque aceitei essas duas moedinhas sabendo que se ele não recebesse hoje algo mais, teria que dormir sem comer, mas sabendo também que o teria ferido muito se não as tivesse aceitado. Não lhes posso descrever a alegria e a expressão de paz e de amor de seu rosto. Só lhes posso dizer uma coisa: ao aceitar as duas moedinhas senti que era muito maior que o Prêmio Nobel, porque ele me deu tudo o que possuía e o fez com tanta ternura. Essa é a grandeza do amor. Tratemos de colocá-lo em ação. Onde
está Deus? Sabemos que Deus está em todas as partes. Na profundeza de nossos corações todos temos esse desejo, essa chama ardente, esse desejo de amor a Deus. Mas: como podemos amar a Deus, a quem não vemos se não o amamos nos outros a quem vemos? Quando vocês vêem uma pessoa na rua, quem é ela para vocês? Seu irmão? Sua irmã? A mesma mão amorosa que o criou, criou a todos. 
Nós, as irmãs e eu, temos visitado pessoas que não têm nada nem ninguém, pessoas às quais ninguém ama, nem cuida e não só na Índia. Na África e na Índia temos gente faminta de pão, mas na América, Europa e todos os lugares onde trabalham as irmãs, a pessoa tem fome de amor: de ser necessária, de ser amada, de ser alguém para os outros. 
Certa vez, creio que em Londres ou Nova Iorque, segurei a mão de alguém sentado na rua. Ele segurou a minha mão e me disse: “Oh!... esta é a primeira vez em muitos anos que sinto o calor da mão de alguém. Em tantos anos, ninguém nunca tocou minha mão. Não senti um calor humano ou o calor da mão”! Jamais me esquecerei disso.
Somente quando despertarmos desse torpor egoísta e hedonista, venceremos o "câncer" que nos devora como indivíduos e sociedade.
Sem a manifestação de nossos poderes da alma, não iremos longe.
Poderes que revelam-se na arte do bem querer, do compreender, do colocar-se no lugar do outro, do doar-se.
Será no contato com nossos corações amorosos que se iniciará um contagio de esperança e de paz.
A revolução final está nas mãos do homem de bem que, amorosamente, vê no próximo um espelho de seus anseios, sonhos e alegrias!
Amemos, pois, tudo passará a ser diferente.